terça-feira, 26 de abril de 2011

A Vida Afetiva dos Selvagens


Vidas de artistas costumam ser lembradas por seus aspectos mais radicais (uso e abuso de drogas, comportamento sexual transgressor, excessos de todo tipo, morte precoce, etc), ora, tais aspectos servem para conferir uma aura romântica e ajudam a criar o mito. A autobiografia "Só Garotos", de Patti Smith, poderia ser um exercício de confissões extravagantes ou chocantes (é o que geralmente esperamos de roqueiros), mas não é nada disso: trata-se de um livro tocante, que descreve com delicadeza e carinho o relacionamento entre Patti e o fotógrafo Robert Mapplethorpe.

Patti, antes de se tornar a grande poetisa do punk rock, lenda viva idolatrada por artistas variados como Bono Vox (u2), Morrissey (The Smiths) e Michael Stipe (R.E.M.), experimentou de tudo um pouco em arte, e seu livro reflete a efervescência contracultural dos jovens dos anos 60, quando ela e Robert "fugiram" juntos de sua cidade para se tornarem artistas em Nova York, meca da Pop Art de Andy Warhol.

A relação de amor, amizade e companheirismo entre Patti e Robert sempre foi intensa e sincera, desde que os dois se conheceram ate a morte dele (por aids, em 1989) e são tão profundos os laços afetivos que entrelaçam o cotidiano criativo e a vida pessoal dos dois que este aspecto, mais que a suposta rebeldia de ambos, é o que emociona profundamente o leitor.

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