quinta-feira, 20 de maio de 2010

Grandes roubos


Leio que a tela Pastoral (1905), de Matisse (foto acima), foi roubada de um museu de arte moderna da França, junto com outros cinco quadros de grandes mestres como Picasso, Braque e Modigliani.

Lembro-me até hoje do impacto que esse quadro (e as outras obras iniciais de Matisse) tiveram sobre mim, despertando-me para um novo senso estético, baseado na explosão e na beleza das cores, na simplicidade das formas, na inquietação e na liberdade criadoras.

As câmeras do museu captaram um misterioso sujeito mascarado removendo as telas com um estilete. Quem dera fosse eu, não pelos milhões de euros em jogo, afinal tratam-se de obras famosíssimas, ou seja, invendáveis - mas pelo puro e simples deleite dos meus olhos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Fanatismo


Ernesto Sábato tem razão. Para se tornar um romancista é preciso fanatismo. Respirar literatura, comer literatura, sonhar literatura. Ao ponto de explodir como Henry Miller, gritando: "À merda com a literatura!"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

acachapante


Um belo livro esperando releitura em minha cabeceira é o intrigante Chapadão do Bugre, obra-prima de Mário Palmério, que consumiu muitos anos de pesquisas linguísticas do autor. Palmério empregava um riquíssimo vocabulário regionalista, que só encontra um rival à altura em nossa língua: Guimarães Rosa (Palmério leva a vantagem de não ser tão barroco quanto Rosa) para contar uma versão muito particular de uma história real ocorrida nos confins de Minas no início do século passado. Clássico, obrigatório, inesquecível.

sábado, 8 de maio de 2010

Dois livros


Livrinhos quentes são os do dominicano-americano Junot Diaz (foto), graças aos céus lançados no Brasil pela editora Record: o impressionante Afogado (coletânea de contos) e o magnífico romance A Vida Breve de Oscar Wao, um dos livros mais divertidos que já pude ler (às vezes chorando de tanto rir), que Diaz, perfeccionista, levou uns dez anos escrevendo e que acabou faturando o Prêmio Pulitzer.

"Que importância têm as vidas breves e anônimas... para Galactus?", é a frase extraída dos quadrinhos do Quarteto Fantástico, que encaixa como uma luva ao servir de epígrafe desse retrato farsesco de um nerd dominicano, obcecado por cultura pop, cuja família expatriada aprende na pele (e na alma) as consequências nefastas de ter vivido sob o tacão de um ditador, Rafael Trujillo.

Wao é uma obra-prima inigualável. São 332 memoráveis páginas que eu devorei numa noite e meia.