terça-feira, 22 de dezembro de 2009


A confraternização da tchurma ontem no mínimo serviu para que eu conhececesse um lado secreto de um amigo: o seu pendor para a decoração. O antigo apê ficou outro.

Mas como sou lesado, acabei dando uma cabeçada numa luminária do apartamento repaginado.

Nada muito grave: a decoração nova passa bem.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Menina da mecha branca


Blogs são escancarados demais para substituírem os diários de seja quem for.
Lendo Os Diários (1947 - 1963) de Susan Sontag, com seus punhados de avaliações culturais, listinhas de livros lidos ou por ler, enumeração de atividades curiosas (a mania de fazer listas é universal pelo que vejo), afirmações de um intelecto brilhante e revelações (homos)sexuais muito francas, o leitor sente o tempo todo vontade de pedir desculpas pela intrujice.

Em Busca da Perda de Tempo


Compor uma biblioteca virtual no Orkut (voltei a frequentar essas coisas!) através do recurso Veja Meus Livros tem só aumentado a saudade da minha biblioteca real. Decisão: próximo fim de semana voltar definitivamente para o apê!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Ferdydurke, e Pornografia, ambos de Witold Gombrowicz, são os dois livros mais singulares que li este ano. Ferdydurke (um título que não significa absolutamente nada) é pura provocação modernista, com suas invenções verbais esquisitas e trama completamente absurda.

O protagonista adulto é "bumbunizado" por um velho professor, e volta a ser um mero garoto de escola. Não há absolutamente nada previsível neste livro escrito em 1937, antes que Gombrowicz deixasse a Polônia e passasse a viver exilado na Argentina. Ferdydurke foi profético quanto ao futuro de seu autor.

Ouvi falar de Gombrowicz pela primeira vez através duma coletânea de ensaios da Susan Sontag, Questão de Ênfase. O ensaio de Susan Sontag é brilhante e serve de prefácio à edição brasileira de Ferdydurke, lançada aqui pela Companhia das Letras.

Reinaldo Arenas também fala do jovem Gombrowicz em sua biografia, Antes que Anoiteça. O escritor polonês era amigo de Virgilio Piñera, que foi seu primeiro tradutor para o espanhol. Arenas conta que Gombrowicz, belíssimo, passando fome no novo mundo, se prostituía pelas calles de Buenos Aires e uma vez pegou como cliente um sujeito avantajado demais. Depois do encontro, ficou sangrando e sentindo dores abundantes, das quais curou-se imergindo por dois dias numa banheira cheia de gelo.

Tais curiosidades literárias são do tipo que vocês não encontrarão no Wikipédia. Só aqui.