terça-feira, 15 de maio de 2012

Farewell

A morte do magnífico escritor mexicano Carlos Fuentes, 83, me apanhou de surpresa hoje, em meio a tantas mortes que têm me apanhado de surpresa recentemente. Fuentes era sempre uma certeza de grande literatura, reafirmada a cada livro, seja em forma de ensaios, contos ou romances. Seus ótimos A Morte de Artêmio Cruz, Geografia do Romance, Aura, Este é o Meu Credo, Inquieta Companhia e A Fronteira de Cristal resplandecem em seu lugar de honra na estante. Uma perda para o México, para a literatura mundial, para os leitores que o amavam, para todos os leitores amantes de grandes e inesquecíveis livros.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Banquete de Mendigos



Lendo e apreciando muito Ironweed, do William Kennedy, que foi adaptado para o cinema nos anos 80, pelo Hector Babenco, e que virou um filme muito bom com o Jack Nicholson e a Meryl Streep. A história mostra como vivem alguns mendigos nos EUA, mas que ninguém espere do livro um naturalismo extremado ou do autor um tom demagógico de denúncia social. Na verdade Ironweed é um livro bem surpreendente, interessado em fazer um registro aflitivo e afetivo de seus personagens, com um enredo cheio de alucinações, flashbacks e diálogos fantasmagóricos entre o personagem principal e os dois ou três mortos que ele carrega nas costas. Há momentos de extrema delicadeza, líricos mesmo, e também nota-se um profundo sentimento de nostalgia por um lugar perdido na América moderna nesse olhar que Kennedy lança demoradamente sobre o universo de párias, bêbados e avariados mentais, os verdadeiros excluídos do sonho americano. Excluídos esses, que em tempos de crise econômica à americana, como a atual, devem pulular por aí, com Obama ou sem Obama.

Inevitavelmente associei o livro ao tratamento que muitos de nós, brasileiros, damos aos membros da camada mais decaída de qualquer sociedade. Vocês talvez se lembrem daquilo que disse em julgamento um daqueles garotos que queimaram um índio em Brasília: "Pensamos que era só um mendigo".

Pois é, os indigentes, que no Brasil desenvolvido, da Dilma e do Cachoeira, não são considerados índios nem gentes, mas coisas para serem incineradas ou espancadas por garotões de classe média ou alta sem o que fazer. Mas eu me pergunto: e quem é gente, de verdade, num país em que cidadania, direitos humanos, dignidade, tudo parece artigo de luxo e fora do alcance dos pobres mortais?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Caixas de som

Escutar sempre os mesmos velhos e empoeirados CDS é uma prática pouco recomendável se você quer manter os amigos por perto, mas que remédio se os últimos lançamentos não te empolgaram muito? A conferir com interesse os discos novos de Richard Hawley (saiu ontem) e do Rufus Wainright... De resto, curtir os velhos e bons disquinhos das jurássicas lendas musicais de outrora.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Liquidação

Até um tempo atrás, quando se queria depreciar um roqueiro, bastava dizer:´"é um vendido!"

A grande ironia é que agora que ninguém mais vende CD, a não ser, talvez, o camelô pirateiro da porta do banco, quase todos os astros do rock não passam de uns vendidos.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Chutando a TV


A televisão sempre consegue mostrar o lado mais banal das coisas mais interessantes.

A televisão é um lugar cheio de famosos dizendo ou fazendo coisas infames.

A tevê é um monstro fabricado para vender outros monstros.

Senhores telespectadores: hoje não transmitiremos boas notícias. A não ser durante os nossos comerciais.