quarta-feira, 18 de abril de 2012

(B)Oi na Linha

Como dizia Paulo Francis, para tomar um banho de vulgaridade, basta pôr o pé na rua. As pessoas e as empresas estão cada vez mais ostensivas de sua falta de educação e no desrespeito a regras mínimas de civilidade.

Empresas como a Oi tratam seus clientes como gado, concluo, após tentar cancelar minha linha fixa. Foi um parto ser atendido. Porque primeiro fui a um posto no shopping São Luís e solicitei o cancelamento. A mocinha me disse que para cancelamento só indo na Oi do Parque Bom Menino. Como boa besta, fui à Oi do Bom Menino. Chegando lá, depois de fila, a pré-atendente me informou que para cancelamento só me dirigindo à Oi do Viva Cidadão, na Praia Grande. então peguei o terceiro ônibus do dia e fui à Oi do Viva Cidadão, que estava entupido de gente.

Para minha quase sorte, na Oi só havia duas pessoas na minha frente. esperei uns bons trinta minutos e finalmente pude ser atendido por um rapaz. Que para fazer o cancelamento passou-me um telefone, para eu falar com um atendente. (Falar com alguém da Oi ao telefone é impossível, pois eles te deixam muito tempo na espera, em vão, e não resolvem teu problema, e depois a linha cai). Só que eu não conseguia ouvir a atendente. A ligação estava péssima. Tentamos de novo, e dessa vez era o novo atendente que não conseguia me ouvir. Tentamos uma terceira vez e uma quarta, mesmo problema.

Eu já estava achando que toda aquela de história de que "não consigo ouvir o senhor" era embromação, pois cada um dos diversos atendentes com quem falei só me dizia isso depois que eu solicitava cancelamento de linha.

Sugeri que tentássemos de outro aparelho, já que a linha ali "não funcionava" (Um absurdo completo, pois se trata de uma das maiores companhias telefônicas do país e me pergunto: como é que eles não têm uma só linha decente para que os clientes possam falar com eles?)

No novo aparelho, consegui soar inteligível a uma atendente, enfim. Mas ela me abandonava sempre, pedindo para eu esperar "um instantinho", que se arrastava por décadas de silêncio do outro lado da linha, ou então, o mais comum, enquanto a atendente não falava comigo era ouvir outras vozes tagarelando e também sonoras risadas. Vai ver a piada éramos nós, os clientes. A atendente voltou, depois de me deixar esperando Godot, só para me informar, triunfal, que a minha linha estava bloqueada "por falta de pagamento". Retruquei que desconhecia esse fato. e, como nunca deixo de pagar todas as minhas contas (e guardo por décadas os recibos), perguntei: que meses são esses que eu não paguei? "Março e abril", disse ela. "Olha, minha querida, março foi o mês passado e a fatura de vocês simplesmente ainda não chegou, quando chegar eu pagarei, como sempre faço" - expliquei me contendo - "e abril é o mês corrente, como é que eu vou fazer o pagamento de abril se abril ainda nem acabou"? E completei:

- Mas o que tem a ver? Se eu estiver devendo conta porque vocês não enviaram as faturas ainda, isso quer dizer que não posso fazer o cancelamento?

- Pode sim, queira aguardar só um momentinho.

Depois de ficar quase 50 minutos esperando que a atendente me desse alguma resposta sobre a minha solicitação, perdi a paciência com todo aquele abuso. Quando uma outra cliente, uma senhora ao meu lado, reclamou que também tentava, tentava, e não conseguia cancelar sua linha (ontem mesmo telefonaram para ela, que havia solicitado cancelamento há mais de cinco dias) e ao ouvir ela dizer que iria ao Procon, eu desabafei: "E eu que sou jornalista, acho que vou escrever uma matéria a respeito disso tudo..."

Santas palavras mágicas. Alguns minutos após ter dito isso, a moça que estava no computador se prontificou a me ajudar, acessou pela Internet o número do meu protocolo de cancelamento, dispensando-me do mico de aguardar mais meia hora pela atendente.

Dizendo eles que o meu cancelamento ocorrerá até amanhã. Não sei, não. A Oi, a meu ver, só tem conversa para (B)Oi dormir.


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