segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Naftalina

Analisando fotos beeeem antigas, chego à conclusão de que preciso, com urgência, dar uma renovada no meu guarda-roupa. Várias peças usadas nos anos 90 sobreviveram nas gavetas e convivem com as roupas mais recentes (que são bem poucas). Ou seja, há décadas venho usando os mesmos trapinhos.

Dá para notar que não sou, exatamente, compulsivo com roupas, como sou com livros e filmes. Aliás acho chato ter que escolhê-las nas lojas ou para sair. Não ligo a mínima para o assunto moda, embora aprecie o visual de pessoas elegantes. Sei que a maioria das pessoas prefere gastar dinheiro e tempo investindo em itens que ornamentam a vaidade pessoal. Mas eu chuto o balde. Não ligo para griffes badaladas e adoro camisetas básicas de algodão.

Lembro de um amigo radical, que amava tanto literatura, mas tanto, que deixava de comprar roupas, e às vezes até passava fome, só para poder comprar os últimos lançamentos literários. E de um outro amigo, seu oposto perfeito, que nunca tirou sequer carteira da biblioteca na universidade, e que tinha mais de 46 pares de calças jeans.

Francamente, não estou em nenhum desses dois extremos. Mas admiro quem tem paixão por suas próprias  obsessões, ainda que consumistas. O importante, ainda que não exista felicidade, é se sentir feliz por alguns instantes. Como roupas novas fazem a alegria de muita gente, vai ver nasci para ser nudista.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sagas Aborrescentes


Quarta é minha folga, que deveria ser sagrada. Como diz o filósofo, nós seríamos muito felizes se nos conformássemos apenas com o sofá da sala.

Em vez de me entregar aos prazeres sestrosos da preguiça e do dolce far niente, geralmente decido sair, pegar um cineminha, como se diz. É mania minha.

Mas hoje isso não rolou. Bastou uma espiada na programação do Box. Simplesmente seis salas estão passando a patacoada Amanhecer, o mais novo capítulo da saga teen Crepúsculo, em que vampiros e lobisomens bonitões – e solteiros – cortejam uma Kristen Stewart muito da sem sal.

Poupem-me.

O diretor desta vez é Bill Condon, que nos deu antes o memorável "Deuses e Monstros", drama em que um sempre sublime Sir Ian McKellen interpretava o cineasta aposentado (e homossexual assumido) James Whale, criador dos clássicos "Frankenstein" e "A Noiva de Frankenstein" (continuação superior ao original, um feito raro).

Curioso é perceber a lógica do cinemão americano. Depois de "Deuses e Monstros", filme em que Brendan Fraser fazia um papel sexy, caracterizado como o monstro de Frankenstein, Hollywood escala a mão segura do diretor Bill Condon para levar às telas os vampiros e lobisomens gostosões, num filme que pretende ser o arrasa-quarteirão do ano.

Só falta um autor brasileiro escrever uma saga bem pastosa, similar à de Crepúsculo, adaptando-a, devidamente, às nossas lendas, sotaques interioranos, malandragem, samba no pé e malemolência. Imagino o filme logo em seguida, que mostraria a vida numa pacata cidadezinha do interior (Pindamonhangaba, por exemplo) em que o Curupira (Cauã Raymond) e o Saci-Pererê (Lázaro Ramos) se apaixonassem por uma moça bem chatinha (Sandy), dessas que não soltam o celular nunca.

Cadê o Paulo Coelho, que ainda não escreveu isso?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Filmes, Cores e Preconceitos


Passei a seguinte proposta de redação para os meus alunos: escrever sobre o seu filme favorito.

As escolhas deles geralmente recaem sobre (bons) filmes mais ou menos recentes: Titanic (1997), O Perfume - História de Um Assassino (2006), Um Amor Para Recordar (2002), O Cavaleiro das Trevas (2008). Mas noto uma certa resistência e até mesmo preconceito, da parte deles, de assistirem filmes clássicos, em preto-e-branco.

Em primeiro lugar: o preto-e-branco. Haverá coisa melhor em fotografia cinematográfica que o jogo de luz e sombra dos filmes noir, inspirada no expressionismo alemão? Eu amo incontáveis filmes clássicos em preto-e-branco como O Terceiro Homem, Psicose, Os Boas Vidas, Nosferatu, O Mensageiro do Diabo, Cidadão Kane, A Sombra de Uma Dúvida, A Palavra, Através do Espelho, O Homem Elefante, etc. Privar-se de tais filmes é privar-se da arte do cinema.

Eu amo igualmente certos filmes recentes que adotam com muita beleza e maestria a fotografia PB: Control (2007), Sin City (2005) ou A Fita Branca (2009).

Não poderia deixar de mencionar um filme que extrai sua extraordinária poesia justamente do contraste entre a fotografia PB e a cores: A Vida em Preto e Branco (1998).

Não consigo entender pessoas que têm preconceitos de cor, mesmo que seus preconceitos se limitem a filmes.

Os alunos aproveitaram para me perguntar qual o meu filme favorito. Os anos passam, mas o mais impressionante dos filmes continua sendo o estupendo Magnolia (1999), de Paul Thomas Anderson.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

De Versão

Nikita - Criada Para Matar


Finalmente lançado em DVD no país, o charmoso e sexy Nikita(1990), filme cultuado de Luc Besson. O filme tem, reconheço, uma trama pra lá de implausível, mas mesmo sendo meio absurdinha, esta não incomoda nem um pouco a quem o assiste, sempre com grande prazer, como eu. Para mim Nikita funciona meio como uma história de Cinderela. Basta trocar os sapatinhos de cristal que a mocinha ganha de presente da fada-madrinha por pistolas com silenciadores.

O filme inicia mostrando-nos uma quadrilha de drogados agindo nas ruas, e entre eles, uma Anne Parillaud tinhosa como um demônio. A quadrilha é toda dizimada em confronto com a polícia francesa, menos Anne, que é capturada, julgada, condenada, e oficialmente declarada morta. Então ela passa anos sendo treinada em segredo para se tornar uma assassina eficientíssima. Ela recebe além disso dicas de maquiagem e elegância de ninguém menos que a lenda Jeanne Moreau, numa cena comovente, em que vamos vendo o desabrochar de uma bela mulher.

Este foi um dos filmes mais legais que assisti em meados dos anos 90. Era tão bom que acabou inspirando um remake hollywoodiano (A Assassina, péssimo) e também uma minissérie de televisão. Mas nada se compara ao charme e à sedução do filme original.

Quem nunca viu, que não o perca agora.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Morte da Leitura


Para concluir o ano letivo, passei uma tarefa bem prosaica para os meus alunos: ler alguns contos de renomados escritores brasileiros (Machado de Assis, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, etc), contos a partir dos quais eles deveriam fazer uma apresentação.

Pois bem. Os meus alunos adolescentes (do Turno Vespertino) desencumbiram de forma hilária a tarefa, apresentando um dos contos sugeridos (Canibal, do Moacyr Scliar) em formato de peça teatral. Dois alunos surdos-mudos chegaram até a se fantasiar de mulher para fazer seus papéis. Percebi que muitos alunos da turma estavam excitadíssimos com o trabalho. Mas quando eu pedia para eles explicarem o que entenderam do texto lido, eles embatucavam.

Já os alunos da noite, que são todos adultos, diga-se... nem sentiram vontade de ler os contos. Com a honrosa exceção de um aluno, os demais não se dignaram a ler e ainda reclamavam, dizendo que ler cinco páginas de texto era demais: uma tarefa impossível.

Avisei-lhes que o meu livro favorito - Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust - tinha 3.300 páginas. Isso não me impediu de ler o livro inteiro, três vezes. Eles disseram: "Ah, mas o senhor é inteligente" e "Mas o senhor é professor", como se somente eu fosse "inteligente", ou como se só professores fossem capazes de ler.

Não se trata aqui da morte da leitura, simplesmente, tão anunciada aos quatro ventos nestes tempos de Internet e de predomínio do audiovisual. O que presencio todos os dias naquela sala de alunos adultos desmotivados é algo ainda mais grave: a absoluta degradação da nossa educação... e da nossa língua.

Sim, a língua que nos confere unidade e identidade cultural tem se tornado ela mesma fator de exclusão. Fico abismado com a falta de leitura das pessoas e suas justificativas absurdas para não lerem. "Ler demais deixa as pessoas doidas", este é o consenso e o veredito entre meus alunos. E tantos pensam assim que deve ser um lugar-comum entre milhões de brasileiros analfabetos ou semiletrados. A decadência de uma língua - escrita ou oral - marca a decadência de um povo. Portanto, a estagnação da linguagem oral e escrita entre estudantes maranhenses é mais um sintoma da estagnação política, econômica e social de nosso estado.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sentando nas obras de arte



Em São Paulo atualmente tem uma mostra fazendo uma retrospectiva dos trabalhos de design e decoração dos Irmãos Campana. As cadeiras, mesas de centro, poltronas e outros badulaques da dupla sempre me parecem impraticáveis, mas realmente são muito chamativos. Os badalados designers têm "um olhar lúdico", se é que vocês me entendem. Fazem todos os móveis parecerem coisa de criança se divertindo.

sábado, 5 de novembro de 2011

You Go, Girl



Sábado de preguiça e um pouco de chuva. Para compensar, uma canção pra cima e bem ensolarada.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dia de Finados



This music is killing me.