segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre os rótulos


Quando comecei a pintar - há coisa de quinze anos - as pessoas me questionaram: "Mas você não é um escritor?", como se eu não soubesse o que estava fazendo, e ficasse pulando de arte em arte, como um sapo indeciso.

Houve uma época em que as pessoas acreditavam em explorar todos os seus potenciais. Até, digamos, os anos 60, quando os jovens se entregavam às mais variadas atividades de seu interesse.

Sempre, desde criança, gostei de desenhar. Na escola fazia histórias em quadrinhos. Na universidade desenhava os rostos dos meus colegas e ilustrava gratuitamente inúmeros jornais. Sempre tive fascínio e assombro por pintura, nada estranho, portanto, que um dia seguisse a vocação.

Mas sempre escrevi. E de vez em quando publicava. Amava literatura e quem me conhecia sabia bem disso. Esperavam que eu tornasse "apenas" um escritor. Ou nada. E me tornei um escritor que desenha e pinta.

As pessoas tendem a rotular as outras e depois não sabem o que fazer com o papelote que grudaram na testa alheia quando o outro - para o incômodo geral - decide mudar o destino traçado por si mesmo, exercer a sua liberdade, e desenvolver a sua própria personalidade, seja lá o que isso for.

P.S.: A ilustração acima não é minha, nem me usou como modelo. É um autorretrato de Victor Maristane, que também escreve, desenha e tem blog.

P.S.2: Anos atrás criei o o seguinte aforismo: "As pessoas não sabem como somos, mas têm sempre uma opinião formada a nosso respeito".

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