terça-feira, 10 de abril de 2012

Livros? Pra quê?


Fico inconformado com o suposto "progresso" da nossa ilha, com xópins novos para o consumo de toda sorte de tralhas, exceto livros. Podem reparar: não há livrarias nem sequer bancas de revistas nos dois mais recentes templos de consumo direcionados paras as classes A, B, C... parece até que a ignorância se tornou nossa característica oficial: que os maranhenses todos esqueceram o abecê, e como bons analfabetos de pai e mãe, não leem nem escrevem coisa alguma.

As coisas são bem diferentes em toda e qualquer capital desse Brasilzão afora, pois há muitas cidades que não ficam se orgulhando tanto de sua cultura (como São Luís. que apregoa aos ventos ser um berço de poetas e intelectuais), mas em compensação, nessas cidades encontram-se lojas de livros, dvds, cds, etc descomunais como a Livraria Cultura, a Saraiva ou a Fnac, que por aqui não se atrevem a abrir nem uma birosca.

As pessoas me dizem: "Ora, aqui essas livrarias não encontrariam compradores. Aqui ninguém lê. Aqui as pessoas mal sabem assinar o nome." O que me parece sintomático de nosso atraso cultural, educacional e como povo. Uma cidade às margens de qualquer civilização? Gente, e as tais universidades? Elas estão aí para quê? Porque os colégios da nossa ilha, não tenho a menor dúvida, se ensinam algo, e devem ensinar, afinal são todos muito caros, não tem tido êxito nenhum em letrar os jovens. A garotada por aí, espero estar enganado, mas não creio, me parece ter ódio de livros.

Nossas poucas, cada vez mais raras livrarias e lojas de cds ou dvds fecham as portas, incapazes de competir com as grandes livrarias da Internet ou mesmo com camelôs de esquina (que podem comerciar produtos piratas à vontade, sem pagar impostos). Não é à toa que São Luís parece ter parado no tempo. Não é respeito a tradições do passado. Simplesmente nossa cidade foi riscada do mapa cultural.

3 comentários:

  1. É muito triste meu primo essa situação, penso que o mundo está dividido entre os lêem e os que não leem. Nós maranhenses e ludovicenses, em sua grande maioria, não gostamos de ler, isso é uma das explicações para nosso atraso!!! Mas sempre foi assim, neste cidade, os grandes escritores do passado (Gonçalves Dias, João Lisboa, Humberto de Campos, Nascimento Moraes, Coelho Neto, etc.) e do presente (Ferreira Gullar, Nauro Machado, José Louzeiro,Joaquim Itapary, etc.) são exceções, pois grande parte das pessoas neste lugar em que vivemos são alienadas, não conseguem pensar ou raciocinar!!!

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  2. Mas essa divisão do mundo, Eduardo, é muito desigual por aqui. 17 por cento do povo não sabe ler nem escrever, e os que sabem não cultivam o hábito. e ainda sentem orgulho porque não "perdem seu tempo" com livros.

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  3. Sandro,concordo que essa divisão por aqui seja muito desigual. De acordo com o último Censo de IBGE (2010), o Maranhão possui 1 milhão de analfabetos (19,31% da população do Estado). O maior índice do Brasil. Esse número refere-se apenas aos que não sabem ler nem escrever, ou seja, a questão é mais grave ainda porque não leva em consideração os analfabetos funcionais, muito comuns nas Escolas públicas daqui, como a que leciono a noite (EJA) por exemplo. Meus alunos não conseguem extrair sequer uma ideia de um simples parágrafo de 3 ou 4 linhas!!! Eu, todos os dias tento tirar leite de pedra em sala d aula, acho que você também!!! Um abraço primo!!!

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