Em meu sono sonoro, eu sou uma pedra
alta, concisa.
Minhas palavras esvoaçam
como aves infinitas.
Meu mito é o silêncio,
O mar verde
De onde o pensamento retira
peixes definitivos.
Em minha música, eu sou
um girassol
fincado no meio-dia.
Minha fulminante natureza de palavra
acende os incêndios da voz.
Eu sou a convergência do fogo
em pensamentos altos,
maleáveis.
Em minha alucinação, eu sou um híbrido de deus e cavalo
Ambos feridos de morte. Minhas palavras celestiais cavalgam
horizontes rubros.
Pertenço à natureza imemorial
de pensamentos definitivos como falos,
espadas,
pedras tumulares.
Em minha imobilidade, eu sou uma árvore
de seiva triste e raízes concisas.
As minhas palavras são brotos
de natureza solar, na plenitude
de uma tarde de verão,
entre cítaras e cigarras.
Nos dedos definitivos
Nasce e morre a flor
do poema.
Em meu fulcro de flor e medo, sedento,
Eu sou um homem.
Estes signos inquebráveis são os delíquios
Rubros
Da minha safra, cifra de treva com pressa,
pulsar de estrelas definidas:
As palavras em chamas que ostento
Ainda doem
Em minhas unhas.
Em meu sopro final, eu sou a água
Extraída da pedra, os póstumos
desejos do morto de sede.
As palavras
Que escavo de sonho
em sonho e que me despertam.
Minha natureza é este rio
Rubro e definitivo.
Um fio
de timbres entre os ruídos
do tempo.
Sandro Fortes, 05/10/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário