segunda-feira, 16 de maio de 2011

Linhas (Thor)tas

Fãs de seja lá quem for são maníacos obsessivos sem qualquer senso de objetividade. O que é ser um fã? É ser um fanático. Embora admire o trabalho e a personalidade de muitos artistas, nunca me considerei um 'fã', a ponto de colecionar toda a tralha cultural ligada ao artista X ou Y. Felizmente, ninguém é meu führer.

A indústria do Entretenimento, claro, fatura alto com a adoração dos fãs fiéis, que voam para os últimos lançamentos de seus ídolos como uma nuvem de insetos famintos mergulhando num milharal. Sempre achei que "O Dia do Gafanhoto", de Nathanael West, era mais do que uma paródia cruel do fanatismo dos cinéfilos, mas uma saga apocalíptica ao mostrar o vazio espiritual destrutivo de nossa era da cultura de massas.

Fãs de quadrinhos encaram as sagas de seus super-heróis favoritos como se fossem as Escrituras Sagradas. O crítico Roger Ebert ousou escrever uma resenha espirituosa sobre a bobajada de 'Thor' e foi bombardeado por milhares de postagens de fãs indignados em seu blog. Um nerd mais exaltado pediu até a demissão do crítico do Chicago Sun-Times. Ebert, um ironista na melhor tradição de Samuel Johnson, muito se diverte com as broncas dos adoradores desse deus nórdico, louro e gostosão.

Estivéssemos na Contra-Reforma e toda essa gente pagã seria queimada pelas fogueiras da Santa Inquisição... Vivemos em tempos muito bonzinhos.

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