segunda-feira, 4 de junho de 2012

Plim Plim

O poder de hipnose que as telenovelas exercem nas mulheres brasileiras, bem como o futebol, por sua vez, entre os representantes viris da nação, é avassalador. Em grande parte por sermos um país de analfabetos. Não temos também um cinema (nem, porca miséria, um teatro) que rivalize com a atenção cavalar dedicada a telinha. E TV sai de graça, não é preciso entrar em fila, pagar flanelinha ou estacionamento, fica-se em casa assistindo-a, mansamente, como um gato castrado. As telenovelas encontraram, a meu ver, a fórmula mágica para os entretenimentos baratos: dão o que o povo quer. São reescritas diariamente por autores e assistentes, em função do que o público deseja. Já o futebol serve como verdadeira válvula de escape para o troglodismo dos machos da raça. A quantidade de palavrões proferidos durante uma simples partida serve de descarrego emocional a essa nossa gente sofrida, que prefere xingar a mãe do juiz a falar mal de nossos políticos daninhos. A maioria forma toda sua pobre noção de "realidade" com base nas imagens fragmentadas, corridas, da TV, que não comportam pausa para reflexão. As pessoas ficam prostradas em êxtase na sala. Tamanha devoção dedicada à telinha me lembra o fascínio submisso do escravo atirado aos pés de seu amo e senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário