quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sagas Aborrescentes


Quarta é minha folga, que deveria ser sagrada. Como diz o filósofo, nós seríamos muito felizes se nos conformássemos apenas com o sofá da sala.

Em vez de me entregar aos prazeres sestrosos da preguiça e do dolce far niente, geralmente decido sair, pegar um cineminha, como se diz. É mania minha.

Mas hoje isso não rolou. Bastou uma espiada na programação do Box. Simplesmente seis salas estão passando a patacoada Amanhecer, o mais novo capítulo da saga teen Crepúsculo, em que vampiros e lobisomens bonitões – e solteiros – cortejam uma Kristen Stewart muito da sem sal.

Poupem-me.

O diretor desta vez é Bill Condon, que nos deu antes o memorável "Deuses e Monstros", drama em que um sempre sublime Sir Ian McKellen interpretava o cineasta aposentado (e homossexual assumido) James Whale, criador dos clássicos "Frankenstein" e "A Noiva de Frankenstein" (continuação superior ao original, um feito raro).

Curioso é perceber a lógica do cinemão americano. Depois de "Deuses e Monstros", filme em que Brendan Fraser fazia um papel sexy, caracterizado como o monstro de Frankenstein, Hollywood escala a mão segura do diretor Bill Condon para levar às telas os vampiros e lobisomens gostosões, num filme que pretende ser o arrasa-quarteirão do ano.

Só falta um autor brasileiro escrever uma saga bem pastosa, similar à de Crepúsculo, adaptando-a, devidamente, às nossas lendas, sotaques interioranos, malandragem, samba no pé e malemolência. Imagino o filme logo em seguida, que mostraria a vida numa pacata cidadezinha do interior (Pindamonhangaba, por exemplo) em que o Curupira (Cauã Raymond) e o Saci-Pererê (Lázaro Ramos) se apaixonassem por uma moça bem chatinha (Sandy), dessas que não soltam o celular nunca.

Cadê o Paulo Coelho, que ainda não escreveu isso?

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