quinta-feira, 31 de março de 2011

Um autor e uma obra


Miramar, do árabe Naguib Mahfuz, é um livro breve, conciso e multifacetado, que, a exemplo do inesquecível Vidas Secas, de Graciliano Ramos, divide sua história em pequenos contos, sob os pontos de vista de vários personagens, que interiorizam os incidentes da trama (que em Miramar são acontecimentos políticos, paixões, assassinatos). Entre seus pontos mais fortes, destacam-se os diversos tons de sua linguagem precisa, absolutamente concentrada no essencial, e as variações quase musicais para um mesmo tema.

A(s) história(s) contada(s) em Miramar se ambienta(m) numa pensão pobre e decadente de Alexandria, cidade assombrosa, que emana das páginas de Mahfuz com toda sua feiúra e beleza, e que me faz pensar na cidade igualmente mítica, arruinada e cruelmente ambígua entoada por Lawrence Durrell naquela outra obra-prima do Século XX que são os Quartetos de Alexandria.

Desde que Mahfuz ganhou o Nobel (em 1988), várias obras suas foram publicadas no Brasil. Vale muito a pena procurá-las por aí.

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