terça-feira, 1 de junho de 2010

Poesia e Loucura


O poeta italiano Dino Campana publicou apenas um livro em vida, o singularíssimo Cantos Órficos, lançado aqui no ano passado pela editora Martins Fontes, numa edição bilíngue, acrescida de outros poemas e por fragmentos esparsos.

O poeta foi - desde os quinze anos - acometido pela loucura que o acompanharia até sua morte em 1932. Viajou por todos os cantos da Europa e esteve internado em muitos hospitais psiquiátricos.

Sua poesia é musical, simbolista, evocativa, fragmentada, com fortes laivos místicos. Mas dizer isso não a esclarece. É enigmática, porque oferece doces e frescas lembranças (para nós obscuras) e vasculha até o fundo da memória - para resgatar a beleza dos instantes, fugidios como os dias. Há belas passagens que me fazem pensar no Impressionismo e em Proust. E há alucinações inesperadas como aquelas de Walser, autor admirável como Campana, que também permaneceu internado em um hospital psiquiátrico até o fim dos seus dias.

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