Aproveitei os poucos momentos livres do fim-de-semana para reler o único livro do escritor suíço Robert Walser lançado no Brasil, o romance O Ajudante, publicado pela Arx.
Walser é um frasista nato. Sua tiradas são concisas, brilhantes e altamente citáveis. O Ajudante é Joseph, um jovem que vai trabalhar na mansão dos Tobler.
O sr. Tobler é um inventor casado, com quatro filhos, vivendo no quadro privilegiado de uma família burguesa. Joseph é um curioso observador dessa família. Ele acompanha a desagregação material, as negligências morais (e a loucura insidiosa) dessa família. Nota o comportamento afetado e a injustiça familiar da mãe, a sra. Tobler, que trata com frieza uma criança que não lhe desperta amor, deixando-a sob os cuidados ( ou melhor dizer) sob a tortura diária de uma criada brutal.
Há um quê de autobiográfico no relato todo. Walser trabalhou como um "ajudante" em condições similares. O patriarca Tobler me faz pensar no pai do escritor, que se suicidou após ter falido. A mãe do escritor logo em seguida adoeceu (de esquizofrenia).
Como romancista, Walser notabilizou-se por não reescrever nada. O texto final era exatamente aquilo que ele escrevia à medida que as ideias iam surgindo. E que ideias!
Os outros romances de Walser, dentre eles a obra-prima Jacob Von Gunten, permanecem inéditos entre nós. Por que cargas d'água eu não sei. Dá uma vontade danada de sair e reclamar por aí.
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