quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Livraço, livresco


Ótimo romance é o divertidíssimo Dublinesca, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas. Irônico, alusivo, metaliterário, como todos os livros de Vila-Matas, Dublinesca é a história de um editor de livros que decide ir a Dublin com sua trupe de amigos no Bloomsday, para celebrar o que ele considera o funeral da era de Guttenberg, apostando no ocaso do livro impresso nesta nossa insurgente época de livros digitais.

O narrador é um sujeito que se sente sem papel a desempenhar após a venda de sua editora, e que fica tantas horas em frente ao computador que se compara a um hikikomori, o adolescente japonês obcecado por Internet, sem vida social, que fica anos a fio trancado num quarto.

Vila-Matas segue mais uma vez suas obsessões, temas, dilemas e leitmotivs, referindo-se às obras de inúmeros outros autores, sobretudo os irlandeses James Joyce e Samuel Beckett. É reflexivo e  também em suas preferências cinematográficas como Spider, de David Cronenberg, ou musicais, como ao ouvir a bela "Just Like The Rain", de Richard Hawley.

Livro do ano. E talvez a obra-prima de Vila-Matas.

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