quarta-feira, 1 de junho de 2011

Capacitações

No final deste ano, Roseana Sarney pretende "capacitar" 400 mil jovens maranhenses, para serem explorados como mão-de-obra no Maranhão grandioso que nos espera, repleto de refinarias de petróleo e empresas de porte.

A governadora utilizará, para este projeto ambicioso, a estrutura escolar estadual (que atualmente se encontra em calamitoso estado de degradação física) e apressa as escolas (que já tiveram o ano letivo erodido pela greve dos professores e dos ônibus) a concluírem suas atividades até 23 de dezembro.

Ora, os alunos do ensino médio regular e da EJA que se danem, parece pensar Roseana. "Capacitar" se torna mais importante que "educar", e talvez, por ser uma palavra mais nebulosa, de sentido menos preciso, sirva para substituir e camuflar outro verbo, ainda mais necessário em nosso Maranhão de IDH tão medíocre: "alfabetizar".

Mas alfabetizar os jovens maranhenses, para quê? Deve ser pergunta corrente no Palácio dos Leões. Alfabetizados podem começar a se interessar por política (que para analfabetos não interessa a mínima). Os que sabem ler, leem, e claramente entendem a própria condição de explorados e abandonados pelo sistema. Sistema esse que é um fosso de diferenças sociais, culturais e econômicas separando os interesses de empresas e corporações poderosas (que dão todas as cartas políticas hoje) e os anseios de melhorar de vida de um povo semi-escravizado e brutalmente degradado, que vive na absoluta mansidão apolítica do analfabetismo.

Educar implica correr riscos, pondera a classe dominante do alto de seus domínios. Muito melhor que nossos jovens sejam "capacitados" pelo estado, em vez de educados, alfabetizados, ou seja, postos perigosamente a pensar.

Capacitados, implica que se tornarão capazes de algo. E me pergunto: capazes de quê? Esta é a grande incógnita que o futuro reserva para nossa juventude. Que mundo seremos capazes de criar, agora que educação e cultura se tornaram palavras sem sentido, é o que tenho medo de descobrir.

Os meramente capacitados desempenharão trabalhos braçais, boçais, banais. Já os trabalhos técnicos e administrativos gordamente remunerados estarão reservados aos profissionais educados não-nativos. Nossos jovens serão capacitados para melhor servirem o cafezinho a estes senhores.

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