Em Cisne Negro, do diretor Darren Aronofsky, as linhas que separam vida e morte, desejo e repressão, sanidade e loucura, arte e realidade, são complexamente embaralhadas, mergulhando o espectador num turvo emaranhado de sentimentos, que vão da angústia crescente ao mais profundo horror.
Isso ocorre porque compartilhamos o mesmo ponto de vista perturbado de Nina (Natalie Portman), uma jovem e talentosa bailarina, com sérios problemas mentais, que são agravados pela pressão exercida pelos demais personagens da trama, principalmente o autoritário coreógrafo (Vincent Cassel) que decide montar sua "renovadora" versão do Lago dos Cisnes e por sua própria mãe (Barbara Hershey), uma ex-bailarina, que usa e abusa do controle sobre sua cria.
O filme poderia ser descrito como uma descida sublime aos infernos ou como uma escalada gloriosamente auto-destrutiva àquele tênue limite que separa a loucura da genialidade.
Natalie Portman está tão esplêndida e tão dividida consigo mesma no filme que deveria ganhar dois Oscars de melhor atriz pelo mesmo papel. Os outros atores do filme estão igualmente espetaculares: a controladora e medonha mãe vivida por Barbara Hershey, a preterida e agressiva bailarina Beth Macintyre (Wynona Ryder), a sensual amiga e principal rival de Nina, Lily (Mila Kunis) e o extraordinário e cruel Cassel, num papel que me faz pensar no produtor de dança igualmente mefistofélico do grande clássico Sapatinhos Vermelhos, de Michael Powell.
Cisne Negro é um filme belo, sinistro, arrebatador e totalmente imperdível.
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