segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Realidade Preto-e-Branca

Finalmente pude ver o extraordinário A Fita Branca, de Michael Haneke, grande vencedor da palma de Ouro em Cannes em 2010. O filme é duro e tenso, como os demais de Haneke. E embora se passe numa Alemanha provinciana às vésperas da Primeira Guerra Mundial, lida com temas tão atuais, como medo, repressão, autoritarismo, ódio, violência, abuso, crueldade e ignorância, que funciona como um dedo na ferida da nossa própria época política.

O filme utiliza uma fotografia em preto-e-branco absolutamente admirável para retratar uma comunidade tradicional sendo erodida por um "mal sem rosto". Haneke deixa-nos, como Kafka, na eterna iminência de alguma coisa muito ruim, uma violência gratuita que paira no ar a todo instante, uma crueldade absurda que parte não se sabe de onde e nem a quem pretende atingir, que envolve a todos numa onda de medo, tensão e desconfiança, que abala todos os núcleos daquela comunidade, levando seus membros a questionarem o próprio sentido de suas vidas.

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