sexta-feira, 1 de julho de 2011

A César o que não é de César

Num momento em que até a presidente Dilma reconhece oficialmente a importância de FHC e do plano Real para a atual economia brasileira, (a despeito de Lula, que demonizava FHC, mas se valeu de seus triunfos), quem resolveu sair da confortável zona de sombra do Senado Federal para chamar os gloriosos holofotes sobre si mesmo? Surpresa: foi o velho Sarna.

José Sarney emergiu hoje, todo pimpão, em sua coluna da Folha, entoando uma enjoativa ode aos 25 anos do seu Plano Cruzado. O Cruzado, para quem não lembra, foi um catastrófico pacotão econômico que não só fracassou em suas pretensões de congelar os preços, como atirou o país numa hiperinflação e num atraso medonhos que afastaram investidores estrangeiros por quase uma década. Na época, todos os cidadãos que se diziam "fiscais do Sarney", arrependeram-se de bancarem os palhaços do verdadeiro circo que era (e é) a nossa política.

Valendo-se da falta de memória nacional, Sarney torce a história em seu favor, posando agora de estadista triunfante, cujo Plano Furado, "foi a primeira grande distribuição de renda do Brasil", e que teria supostamente ajudado a solidificar a nossa economia e aberto o caminho para o Plano Real. Pelo que se vê, agora que a própria Dilma reconhece os inegáveis méritos do Plano Real, todos os presidentes, antes e depois de FHC, aproveitam para lamber a casquinha de seus méritos. E aqueles mesmos planos atabalhoados que ajudaram a destruir a renda dos brasileiros são citados agora como projetos vitoriosos.

A história é escrita pelos vencedores. Sarney, que pilota atualmente o Senado, hoje o homem mais poderoso do país, pode e deve ser visto como um tremendo vencedor. No entanto, os quase 50 anos de miséria e atraso em seu próprio estado de origem nada revelam além de uma gigantesca derrota do povo do Maranhão e, em escala maior, do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário