quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Ferdydurke, e Pornografia, ambos de Witold Gombrowicz, são os dois livros mais singulares que li este ano. Ferdydurke (um título que não significa absolutamente nada) é pura provocação modernista, com suas invenções verbais esquisitas e trama completamente absurda.

O protagonista adulto é "bumbunizado" por um velho professor, e volta a ser um mero garoto de escola. Não há absolutamente nada previsível neste livro escrito em 1937, antes que Gombrowicz deixasse a Polônia e passasse a viver exilado na Argentina. Ferdydurke foi profético quanto ao futuro de seu autor.

Ouvi falar de Gombrowicz pela primeira vez através duma coletânea de ensaios da Susan Sontag, Questão de Ênfase. O ensaio de Susan Sontag é brilhante e serve de prefácio à edição brasileira de Ferdydurke, lançada aqui pela Companhia das Letras.

Reinaldo Arenas também fala do jovem Gombrowicz em sua biografia, Antes que Anoiteça. O escritor polonês era amigo de Virgilio Piñera, que foi seu primeiro tradutor para o espanhol. Arenas conta que Gombrowicz, belíssimo, passando fome no novo mundo, se prostituía pelas calles de Buenos Aires e uma vez pegou como cliente um sujeito avantajado demais. Depois do encontro, ficou sangrando e sentindo dores abundantes, das quais curou-se imergindo por dois dias numa banheira cheia de gelo.

Tais curiosidades literárias são do tipo que vocês não encontrarão no Wikipédia. Só aqui.

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