sábado, 13 de agosto de 2011

A armadilha do desejo


A Lume, de Frederico Machado, acaba de lançar no mercado nacional de dvds o sublime filme O Direito do Mais Forte (1975), do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder.

Talvez seja o filme de Fassbinder com o final mais melodramático, poderoso e cruel, dentre todos os seus mais de 40 filmes.

Um clássico do cinema homoerótico, em que o desejo se torna uma armadilha fatal, especialmente para aqueles pobres coitados às margens da sociedade que caem na esparrela de se apaixonar por animais de alta estirpe burguesa.

Franz, o personagem principal (interpretado pelo próprio Fassbinder) é um tipo bruto e marginal, cujo namorado é preso logo no começo do filme. Ele ganha uma fortuna na loteria. Com isso, várias aves de rapina se aproximam de Franz, visando ocupar os papeis (vagos) de amigo e amante em sua "nova" vida. O filme é muito incisivo, uma espécie de denúncia camp, e não marxista, da luta de classes, mostrando que fora do seu contexto um indivíduo de classe popular é inepto para lidar com os vampiros refinados e aristocráticos da elite: Franz será a vítima perfeita em uma sociedade capitalista movida pela ganância, que seduz através de aparências enganosas e traiçoeiras.

Franz fica à mercê de seus predadores e parasitas. É assombroso acompanhar sua queda vertiginosa. O Direito do Mais Forte é um retrato perverso (como o proustiano) e complexamente niilista do universo gay. Um filme doloroso e inesquecível.

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