quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Presas afiadas


Por que cargas d'água um filme belo e impactante como o sueco Deixa Ela Entrar (Låt den rätte komma in, 2009), de Tomas Alfredson, não passa em nossas salas?

É um enigma. Em compensação, toda e qualquer porcaria americana tem exibição assegurada.

Mas falemos do filme. Numa época em que o tema dos vampiros parecia condenado à banalidade depois das bobagens adolescentes da saga Crepúsculo e de várias séries de TV exóticas e "eróticas", Deixa Ela Entrar, um filme sutil, fascinante - e acima de tudo - perturbador, surge de regiões geladas e sombrias para nos assombrar contando a história de dois pré-adolescentes com sérios problemas pessoais - ele sofre bullyng de meninos da escola e ela é uma vampira.

O filme tem suas ironias e momentos de uma ternura surpreendente. Suas cenas não se ocupam muito em pregar sustos, mas em criar um clima de grande suspense. O que cala fundo é a solidão de seus personagens, traduzindo, em imagens assombrosas, as dificuldades e horrores que implicam a transição da infância para a vida adulta.

Deixa Ela Entrar foi comparado a Nosferatu, obra-prima de Murnau, pelo eloquente crítico de cinema Roger Ebert (assim como Nosferatu, diz Ebert, "este é um filme que leva tão a sério seu tema que parece realmente acreditar que existem vampiros no mundo"). Já foi feita uma refilmagem americana (boa, mas que não se saiu tão bem assim nas bilheterias, embora muito elogiada por público e crítica).

Infelizmente o original sueco e um dos grandes filmes recentes Deixa Ela Entrar ainda não foi lançado em DVD no Brasil. Porque será que eu não me surpreendo?

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